Ao
final do ano passado, precisamente em 15 de novembro de 2013 –
aniversário da Proclamação da República – mais de 90 entidades
populares, movimentos sociais, de juventude e organizações
políticas lançaram o Plebiscito Popular Por uma Constituinte
Exclusiva e Soberana do Sistema Político.
Leia
abaixo o editorial 560 do jornal Brasil de Fato, que fala sobre o
lançamento e sobre a importância deste tema para a sociedade
brasileira.
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Lançado
o Plebiscito Popular
No
dia 15 de novembro de 2013, oficialmente comemorado como o dia da
Proclamação da República, foi lançado o Plebiscito Popular Por
uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político. No ato de
lançamento, a proposta do Plebiscito Popular pela Constituinte
também foi debatida por milhares de participantes do 9º Encontro
Nacional do Movimento Fé e Política.
A
Plenária Nacional dos Movimentos Sociais, reunida dia 16 de novembro
em Brasília, representou mais um importante passo para a construção
desse extraordinário exercício de pedagogia de massas e contou com
o apoio de mais de 90 entidades e organizações políticas de todo o
país.
De
6 a 8 de dezembro de 2013 ocorrerá o Curso Nacional de Formação de
Formadores em São Paulo para iniciar um processo de multiplicação
de formadores por todo o Brasil e enraizar o debate na sociedade.
Os
setores conservadores no Brasil sempre agiram de forma ágil para
impedir, através da força e do consenso, o acúmulo de forças e
vitórias das forças populares. Na verdade, o que está em curso é
um grande movimento de reoxigenação da democracia brasileira. O
povo brasileiro, particularmente a juventude, quer prestar contas com
a redemocratização incompleta.
Uma
profunda reforma política poderá corrigir as distorções que, no
final dos anos de 1980, foram decisivas para conter as forças
populares na luta contra a ditadura e refrear as mudanças. Nos anos
de 1990, o avanço neoliberal apoiado pela mídia provocou um refluxo
dos movimentos sociais que nos colocou na defensiva.
Nos
últimos dez anos, as políticas redistributivas e sociais,
conquistadas por meio das lutas sociais, recuperaram, relativamente,
a capacidade de articulação dos setores populares e abriram uma
nova conjuntura. Agora, mais uma vez e sob novo impulso, nos
defrontamos com a necessidade de tais reformas para avançar nas
conquistas populares.
É
na luta por suas reivindicações que o povo poderá se conscientizar
sobre o papel do atual sistema político na contenção das
conquistas que interessem à maioria.
O
sistema eleitoral é marcado por uma profunda distorção da
realidade brasileira. De acordo com os dados Diap, dos 594
parlamentares (513 deputados e 81 senadores) eleitos em 2010, 270 são
empresários, 160 compõem a bancada ruralista, 73 são da bancada
evangélica e apenas 91 parlamentares são considerados
representantes dos/as trabalhadores/as, da bancada sindical.
Se
os trabalhadores e trabalhadoras são maioria da população, por que
não são nos parlamentos? Completar o processo de redemocratização
que se abriu no final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980
passa centralmente por refundar o sistema político brasileiro e
superar o modelo formal e restritivo da democracia brasileira.
Completar
a redemocratização significa aperfeiçoar o sistema representativo
que atualmente está refém do poder econômico. Significa garantir
mecanismos de participação popular nas decisões estratégicas de
nossa sociedade, principalmente aquelas relacionadas com a soberania
nacional.
É
sempre bom lembrar que nos últimos 25 anos as reformas estruturais
não se concretizam por causa de dois elementos centrais: a
correlação de forças desfavorável para as forças populares e o
carcomido sistema político que favorece a hegemonia de forças
conservadoras na institucionalidade brasileira através das eleições
dominadas pelo poder econômico.
Existe,
portanto, uma relação direta entre o atraso do sistema político
brasileiro e as reformas estruturais pendentes. Por isto mesmo, este
plebiscito terá um caráter transversal. Ou seja, ao pautarmos o
tema do sistema político também estaremos acumulando forças para
colocarmos as reformas estruturais na agenda.
Os
lutadores e lutadoras do povo que dedicam suas vidas à luta pela
reforma agrária popular, pela reforma urbana, pela democratização
dos meios de comunicação, pela reforma tributária, pelo projeto
popular para a educação, dentre outras, certamente encontrarão um
terreno fértil para debater e contribuir na mobilização popular.
A
participação do povo na política brasileira quase sempre ocorreu
como um elemento surpresa que extrapolou os limites de uma certa
institucionalidade conservadora e avessa à participação popular.
A
proposta é envolver milhares de militantes populares que se
disponham a retomar o trabalho de base, o debate com o povo
brasileiro sobre o destino da nação. Um movimento que poderá
culminar na refundação da República brasileira. Que a simbologia
do lançamento do plebiscito no dia 15 de novembro nos dê força
para construir um Projeto Popular Para o Brasil.
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