O centro de Aracaju foi
ocupado na manhã dessa segunda, 7 de julho, por centenas de
militantes de movimentos sociais, organizações populares, coletivos
de juventude, entidades sindicais e grupos culturais de todo o estado
de Sergipe. Nas vozes, cartazes e faixas um único grito: a urgente
reforma do sistema político brasileiro, por meio de uma Constituinte
Exclusiva e Soberana.
Essa foi a primeira
mobilização de rua do Plebiscito Popular pela Constituinte do
Sistema Político organizado em Aracaju, em sintonia com diversas
outras capitais do país que também promoveram atividades
semelhantes durante esta segunda.
O foco do Ato foi a
denúncia ao financiamento empresarial das campanhas eleitorais.
Financiamento este que só aumenta a cada processo eleitoral. Em
2008, as empresas doaram 86% dos recursos totais das campanhas
eleitorais do Brasil. Em 2010, esse número chegou a 91% e, em 2012,
nas últimas eleições, as empresas foram responsáveis por 95% de
todo o dinheiro movimentado nas campanhas.
Por isso, o principal
momento do Ato Público aconteceu na porta de uma agência do Banco
Itaú, uma das principais empresas financiadoras de campanhas em todo
o país. Em frente ao Itaú, as organizações da sociedade
dialogaram com a população, demonstrando os problemas gerados pelo
financiamento empresarial de campanhas e a necessidade da reforma
política para a ampliação da democracia em nosso país.
Segundo Leilane Cunha,
uma das coordenadoras do Plebiscito em Sergipe, o financiamento
empresarial de campanha não é uma doação, mas um investimento.
“Empresa sempre quer lucro. Por isso, ao financiar as candidaturas
essas empresas esperam o retorno em forma de privilégios que, em
geral, entram em conflito com os interesses da população”, disse.
De acordo com o
vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores, Roberto Silva, o
financiamento empresarial das campanhas tem relação direta com a
baixa representatividade da classe trabalhadora nos espaços de
decisão política. “As candidaturas que têm investimento das
grandes empresas têm mais visibilidade pública e, assim, conseguem
vencer as eleições. Por isso, o nosso Legislativo é ocupado em sua
maioria por empresários das mais diversas áreas. Com a Reforma
Política e o fim do financiamento empresarial, teremos mais
condições de garantir a presença massiva dos trabalhadores e
trabalhadoras na política nacional”, acredita o dirigente da CUT
Sergipe.
Lídia Anjos, do
Movimento Nacional de Direitos Humanos, ressaltou a importância da
Reforma Política para a democracia do país. “Precisamos de uma
reforma do sistema político para que as mulheres, a população
negra, a juventude e todos os demais segmentos excluídos
historicamente possam participar com protagonismo da política
brasileira. Só assim a diversidade da nossa população será, de
fato, garantida na política”, afirmou.
O militante do Levante
Popular da Juventude, Kevin Ismerim, destacou que as principais
mudanças sociais almejadas pela população esbarram no modelo atual
do sistema político brasileiro.“Como conquistaremos passe-livre ou
moradia popular digna se todas as empresas de ônibus e da construção
civil, por exemplo, patrocinam as campanhas políticas?”, questiona
Kevin.
A próxima atividade de
rua do Plebiscito Popular em Sergipe será o “Curso dos
Mil”, no próximo dia 26 de julho, que terá o papel de ampliar a
formação e a mobilização em torno da Reforma Política no estado.
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